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"Eu confesso que na América eu vi mais do que a América;
eu vi a imagem da democracia mesmo, com suas inclinações, seu caráter, seus preceitos, e suas paixões, o suficiente para aprender o que devemos temer ou o que devemos esperar do seu progresso." |
Comentários sobre o segundo livro
- 01. A obra “A Democracia na América” é uma análise que mantém extraordinário interesse e atualidade. Praticamente não houve aspecto da vida política dos Estados Unidos que não merecesse uma análise exata pelo Autor.
- 02. O que Tocqueville e seu colega, o jurista Gustave de Beaumont, viram nos Estados Unidos não constava em nenhuma obra conhecida. Não se tratava da democracia grega, que ele estudara nos clássicos quando aluno de Direito, em Paris, na qual somente uma minoria era cidadã ativa.
- 03. Na América, além da presença do estado ser ínfima, não havia uma casta de aristocratas nem uma corporação sacerdotal poderosa.
- 04. Por terem liberdades desconhecidas em outros lugares, pelas associações políticas serem legais e livres (sendo que a imprensa beirava ao desaforo), nos Estados Unidos não prosperavam as sociedades secretas nem as seitas conspirativas.
- 05. Aos olhos de Tocqueville, a democracia consiste na igualdade das condições.
- 06. A igualdade social significa a inexistência de diferenças hereditárias de condições, o que quer dizer que todas as ocupações, todas as profissões, dignidades e honrarias são acessíveis a todos.
- 07. Tocqueville imagina os traços estruturais de uma sociedade democrática, definida pelo desaparecimento progressivo das diferenças de classe e pela uniformidade crescente das condições de vida. (não se refere a socialismo)
- 08. Nas sociedades democráticas predomina a mobilidade social; cada indivíduo tem a esperança ou a perspectiva de ascender na hierarquia social.
- 09. A liberdade não pode se fundamentar na desigualdade; deve assentar-se sobre a realidade democrática da igualdade de condições. O termo que constitui a noção de liberdade é a ausência de arbitrariedade.
- 10. A ideia de progresso é quase essência de uma sociedade democrática.
- 11. Uma sociedade democrática é uma sociedade individualista em que cada um tende a se isolar dos outros com sua família. Curiosamente, esta sociedade individualista apresenta certos traços comuns com o isolamento característicos das sociedades despóticas.
- 12. O resultado, porém, não é a inclinação ao Despotismo da sociedade democrática e individualista, pois certas instituições podem impedir o desvio no sentido deste regime corrompido. Essas instituições são associações livremente criadas pela iniciativa dos indivíduos, que podem e devem interpor-se entre o indivíduo solitário e o Estado todo-poderoso.
- 13. As sociedades democráticas nunca podem estar satisfeitas, porque, como são igualitárias, fomentam a inveja; contudo, a despeito dessa turbulência superficial, são fundamentalmente conservadoras.
- 14. Para o autor, a democracia consiste na equalização das condições. Democrática é a sociedade onde não subsistem distinções de ordens e de classes; em que todos os indivíduos que compõem a coletividade são socialmente iguais, o que não significa que sejam economicamente iguais, o que para Tocqueville é impossível.
- 15. A igualdade social significa a inexistência de diferenças hereditárias de condições.
- 16. O governo adaptado a esta sociedade igualitária seria o chamado governo democrático. Neste o conjunto do corpo social o povo é soberano, porque a participação de todos na escolha dos governantes e no exercício da autoridade é a expressão lógica de uma sociedade democrática, isto é, de uma sociedade igualitária.
- 17. Por isso, na visão de Tocqueville, as desigualdades de riqueza, por maiores que sejam, nunca contradizem a igualdade fundamental das condições, característica das sociedades modernas.
- 18. Em uma determinada passagem de Democracia na América, Tocqueville indica que na sociedade democrática, voltará a se constituir uma aristocracia, por meio dos líderes industriais.